Uma Jornada em busca da predominância do Eu sobre as tendências genéticas, os maus hábitos, e a dependência doentia da comida.
domingo, 30 de agosto de 2009
Boicote a informação
Sou um amante da tecnologia, mas às vezes me pergunto se ainda não vou morrer por causa dela.
Eu precisava fazer minha verificação semanal de peso, e logo que saí do ensaio do meu grupo vocal (O Charis), passei em uma farmácia e vi uma destas balanças eletrônicas, que te dão até um papelzinho comparando seu peso ao peso de uma pessoa "normal". Vasculhei o bolso, e como um sinal, pela primeira vez a presença da balança e uma moeda de R$ 0,50 coincidiram. Coloquei-me na posição e enfiei a moeda na abertura própria, começando assim a pesagem. De repente a máquina falou - Pise no centro da balança - E eu assim fiz - Agora não se mexa! - E eu obedeci - Agora não se mexa! - É isso que eu estava fazendo - Agora não se mexa! - Ora bolas, o que você quer? - Foi aí que uma balconista, simpática por sinal, falou como se estivesse ensinando a uma velinha a sacar num caixa eletrônico - Prenda a respiração! - E eu então prendi - Agora não se mexa! - Disse a máquina de novo - Agora não se mexa! - Eu estava uma verdadeira estátua, e quase sem ar - agora não se mexa! - Eu vou morrer! - E a fita saiu! - Nem olhei para a cara da balconista, mas tinha certeza que mais alguns minutos e ela chamaria o SAMU. Isto tudo por causa da célula fotoelétrica defeituosa que mede a altura do sujeito.
Às vezes acho que quem inventou estes programas, os fez com certo toque de sadismo, e não me surpreenderia que em algum lugar escondido, alguém estivesse morrendo de rir com aquele gordo de cara roxa, torcendo para sair uma porcaria de uma fita e papel.
Ah! O valor da informação. Quando li o resultado, esqueci da balança, da balconista, do mico e do sádico desgraçado oculto. Tinha emagrecido mais dois kilos. E se não fosse a tecnologia, não veria que ainda faltam 46 kilos pela frente, até o meu peso ideal. Mesmo assim estou dentro da meta de perder 14 kilos até dezembro. Já perdi 6, faltam 8. Se conseguir a meta antes, passo para próxima. Aqui vai o resumo:
Peso inicial 142 kg
Peso perdido 6 Kg
Hoje 136 Kg
Meta 1ª fase 128
Falta perder 8 Kg para a 1ª fase
Meta final 90 Kg até julho de 2010, se eu não morrer asfixiado algum dia destes.
sábado, 29 de agosto de 2009
Uma visão macro do Problema
Tenho sido bem específico em minhas postagens, daí resolvi me dar um tempo para estudar a conjuntura da co-existência de um Gordo na nossa vida.
A primeira observação que fiz, é que quando enfocamos nossa meta, e buscamos agregar mudanças de comportamento para atingí-la, parece que tomamos posse de uma terceira personalidade. Desta feita, é um sentimento de dissociação física, que pode nos fazer olhar de fora e enxergar o nosso real estado.
Acredito que agora compreendo melhor as pessoas que não têm como custear alguns hábitos de consumo, tais como freqüentar bons restaurantes, ou talvez até de uma simples pizzaria.
Ah, me lembro quando fui convidado ao Royal Tower, no Rio Sul, e comí uma Picanha Marítima (Filé de Badejo Grelhado) com palmito assado. Deve ter custado os olhos da cara para os patrocinadores. O impressionante é que estas lembranças não são tão menos torturantes do que olhar para uma mesa numa simples pizzaria do subúrbio, e ver a manipulação da massa, quente, aromática, palatosa (neologismo para deliciosa). Me senti como um menino pobre, que não podia ter acesso a tal alimento na hora da fome. E somado a fome, o desejo do prazer. Nossos olhos parecem desafiar a física e brincam com a lânguida mussarela, beliscam as folhas de manjericão e nossos cílios se umedecem no azeite do tomate seco. Não dá vontade nem de piscar.
Nada melhor do que ser um crítico. Assim podemos ficar de fora e contemplar aquele ser ridículo, deixando passar seu ônibus, por mais um pedaço de olhadinha. E foi assim que aconteceu, porque a terceira pessoa, o observador, estava lá.
Eu sei que não dá para conviver com dois, muito menos com três personalidades. E esse observador dos hábitos não-alheios deve sumir da minha mente, pois quanto mais distante contemplarmos o sofrimento de um ser, menos motivos teremos para ter dó. Pois com dó, eu não poderia dizer as palavras: Morra Gordo, Morra!
sábado, 22 de agosto de 2009
Sucesso Parte 1
Não me importo com as manifestações desesperadas do Gordo, mas não posso subestimá-lo. Até porque, tem muita gente tentando me provar, me seduzir e às vezes, inocentemente me influenciar a passar dos meus limites estabelecidos.
Não sei de onde está vindo está força para resistir, mas uma coisa é certa: admitir a existência do gordo e prever o seu comportamento tem sido fundamental.
Eu já me vi dizendo "não", só porque estava bem nítido que o desejo não era meu, era dele. E eu tomei a decisão.
Quero aqui celebrar o fato de que, desde que comecei este blog, emagreci 4 quilos.
Por isso estabeleço minha contagem regressiva com a seguinte marca:
Início 142
Perdidos 4
Agora 138
Meta 1ª fase 128
Faltam 10
Agradeço pela torcida!
Abaixo a Discriminação!
Estou me sentindo sufocado. Aprisionado dentro do meu próprio templo do prazer. É de deixar o épico "o homem da máscara de ferro" para trás. Meu língua está sendo subutilizada com comidas amargas, insossas e cruas. Já não me lembro o que é sentir o prazer do sabor. A ênfase daquela gordurinha, gentilmente alinhada ao longo de uma picanha. A maciez reluzente da superfície de um quindim. A elasticidade perfumada da mussarela na separação de um pedaço de pizza. Estou ficando louco!
O artigo Art. 8º da Lei LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989, diz que é discriminação Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. E é isso que está acontecendo! Me sinto tolhido em ser como eu sou, e me sinto privado da minha felicidade.
Ah, a coisa não vai ser tão fácil assim! Eu vou boicotar os planos desse cara. Ele usa esta máquina para "Blogar". Vou desativar os dois antivírus dele, pra ver se entra um vírus aqui e trava logo essa droga, ou melhor, queime o HD.
Eu não sei, mas estou me sentindo tão fraco, tão, tão deprimido. Isso não se faz a um ser humano, ou parte dele.
Acho que vou convencê-lo a ir a um analista, e quem sabe, invés dele sugerir reprimir estas compulsões, ele sugira mais equilíbrio, mais ponderação. Isso! Uma alimentação mais nutritiva, mais equilibrada, menos radical. Isso já estaria bom, o resto, eu dou meu jeito!
Ele ta agora com essa idéia de comida RAW, comida viva, comida crua. Raw, que raw? Raw que os parta. Isso é muito ruim!
Pensei fazê-lo ele acordar sonanbulando no meio da noite (sonâmbulo não tem culpa) e atacar a geladeira. Mas que visão terrível!! Ele não comprou nada de gostoso este mês. A geladeira está branca por fora e por dentro.
Olha, esse cara vai ver! Ah, vai ver sim! E olha que praga de gordo pega!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Não acreditam mais em mim!
Será que existe um tipo de pessoa mais desacreditada em mudar suas perspectivas do que o Gordo? Acho que não! Todo mundo já está cansado de histórias de superação momentânea, surtos de determinação volátil, promessas de segunda-feira. Eu posso entender bem isso, quando já pude experimentar mais de 100 dietas diferentes, já fiz tratamentos e acompanhamentos nutricionais e continuo obeso, depois de décadas de luta. Imagino que a minha credibilidade neste aspecto, está completamente afetada.
Foi assim que, quando cheguei ao escritório, falei da minha mais nova dieta. Podia-se sentir certo desprezo de todos pelo assunto, exceto pela questão do Blog. Parece que quando você faz algo que tenha repercussão pública e oficial, as pessoas tendem a considerar melhor as perspectivas.
Infelizmente sinto que haverá situações difíceis que terei que enfrentar. Uma delas é a manipulação do meu "alter ego gordo". Sou um assíduo consumidor de kitutes, preparados pela mãe de uma das minhas funcionárias, e ontem ela me perguntou se eu queria fazer a encomenda semanal de mini-pizzas, esfihas, cucas, bolos de banana, etc. Eu disse que estava analisando a minha dieta, e preferindo controlar meus pedidos, para evitar "guloseimas calóricas", e então escutei a seguinte ameaça: Ta bom, se você não quer, vou falar com o Gordo! Pasmem! Minha dupla personalidade nem se quer aflorou e já está sendo corrompida, e eu chantageado. Mais chocado ainda, depois de ter afirmado que estaria iniciando uma dieta de comida viva (Raw food) na segunda-feira, o que implicaria em buscar o máximo de alimentos crus para o meu cardápio diário, ao chegar em casa, minha esposa estava preparando "bife a milanesa". Estou desmoralizado mesmo! Nem ela acredita mais. Vai levar um bom tempo para as pessoas entenderem que agora é sério! (já falei isso 1000 vezes)
Gordo - Eu acredito!
Eu - Você não vale!
Gordo - Mais eu posso te ajudar.
Eu - Como tem me ajudado todos estes anos?
Gordo - É, talvez eu esteja desacreditado também, mas eu só existo se você existir.
Eu - Isso quer dizer que você não vai mais me incomodar com essa compulsão infernal?
Gordo - Não! Assim não tem graça! Eu só vou prometer que não vou comer carne vermelha, ta bom?
Eu - Se você cumprir suas promessas como eu cumpro as minhas, tamos ferrados!
Gordo - Não, Não, isso é fácil pra mim, o mais difícil é deixar as pizzas e os doces, mais aí, já é pedir demais!
Não acreditei nesses últimos minutos. Eu estava negociando com o meu Gordo interior alguma trégua. O que eu queria é ganhar de vez essa guerra, mas se já que existe algum esforço de negociação, por que não? Topei!