domingo, 30 de agosto de 2009

Gordo Reporter

Fui intimado pelo "Gordo" a responder a algumas perguntas para aplacar o seu ceticismo quanto ao meu método. Num surto de "Repórter por um Dia", ele me entrevistou de uma forma invasiva e abusada. Mas se quero provar minha tese, de que o reconhecimento da identidade co-existente, pode ser o início do controle absoluto da compulsão bio e psicológica, preciso ser muito sincero. Vamos lá:Gordo - Eu imagino que toda pessoa que começa a ter motivação para fazer o que você está fazendo, tem alguma pressão psicológica oculta, e desconfio que algum médico lhe disse que se você não emagrecer, vai morrer! É verdade?Eu - Não! Eu sempre tive médicos que me sugeriram o emagrecimento, mas nunca houve a identificação de algum problema crônico. A maioria dos médicos visava o meu bem estar, como a regulação da pressão arterial, o alívio nas dores lombares, a prevenção ao diabetes, etc. Meu exame sempre teve números equilibrados, como glicose, colesterol, triglicerídeos, etc.Gordo - Mas certamente você passou a usar algum remédio que está influenciando o seu apetite. Fale a verdade, você está usando anoréxicos?Eu - Não! Até já usei no passado. Durante um ano e meio, há quinze anos, fiz tratamento com anfepramona (uma anfetamina), mas não funciona. O efeito da abstinência faz você comer o dobre, e é inevitável o retorno ao peso anterior, e até ultrapassá-lo. Já uso antidepressivo há algum tempo, mas segundo o médico, sou um depressivo leve, e mesmo com o uso do antidepressivo, sempre comi exageradamente. Uso também um ansiolítico em momentos mais estressantes, mas o seu único efeito na compulsão é colocar o gordo em câmera lenta. A mesma quantidade de caloria ingerida mais calmamente, engorda a mesma coisa.Gordo - Você ta querendo ganhar dinheiro com esse negócio seu safado!Eu - Eu não posso vender o que eu não tenho! Quero emagrecer, mais sei que o mais difícil para mim será aprender a manter o peso depois disso. Não tenho nenhuma garantia, nem imagino que ferramentas vou usar para isso, mas com certeza elas não levam em consideração a liberdade de um alter ego gordo por assim. Por isso, dá o fora daqui e se convença que você é um inimigo vencido. Rala!

Gordo - Gordo, repórter por um dia para... Fui!

Boicote a informação

Sou um amante da tecnologia, mas às vezes me pergunto se ainda não vou morrer por causa dela.

Eu precisava fazer minha verificação semanal de peso, e logo que saí do ensaio do meu grupo vocal (O Charis), passei em uma farmácia e vi uma destas balanças eletrônicas, que te dão até um papelzinho comparando seu peso ao peso de uma pessoa "normal". Vasculhei o bolso, e como um sinal, pela primeira vez a presença da balança e uma moeda de R$ 0,50 coincidiram. Coloquei-me na posição e enfiei a moeda na abertura própria, começando assim a pesagem. De repente a máquina falou - Pise no centro da balança - E eu assim fiz - Agora não se mexa! - E eu obedeci - Agora não se mexa! - É isso que eu estava fazendo - Agora não se mexa! - Ora bolas, o que você quer? - Foi aí que uma balconista, simpática por sinal, falou como se estivesse ensinando a uma velinha a sacar num caixa eletrônico - Prenda a respiração! - E eu então prendi - Agora não se mexa! - Disse a máquina de novo - Agora não se mexa! - Eu estava uma verdadeira estátua, e quase sem ar - agora não se mexa! - Eu vou morrer! - E a fita saiu! - Nem olhei para a cara da balconista, mas tinha certeza que mais alguns minutos e ela chamaria o SAMU. Isto tudo por causa da célula fotoelétrica defeituosa que mede a altura do sujeito.

Às vezes acho que quem inventou estes programas, os fez com certo toque de sadismo, e não me surpreenderia que em algum lugar escondido, alguém estivesse morrendo de rir com aquele gordo de cara roxa, torcendo para sair uma porcaria de uma fita e papel.

Ah! O valor da informação. Quando li o resultado, esqueci da balança, da balconista, do mico e do sádico desgraçado oculto. Tinha emagrecido mais dois kilos. E se não fosse a tecnologia, não veria que ainda faltam 46 kilos pela frente, até o meu peso ideal. Mesmo assim estou dentro da meta de perder 14 kilos até dezembro. Já perdi 6, faltam 8. Se conseguir a meta antes, passo para próxima. Aqui vai o resumo:

Peso inicial 142 kg

Peso perdido 6 Kg

Hoje 136 Kg

Meta 1ª fase 128

Falta perder 8 Kg para a 1ª fase

Meta final 90 Kg até julho de 2010, se eu não morrer asfixiado algum dia destes.

sábado, 29 de agosto de 2009

Uma visão macro do Problema

Tenho sido bem específico em minhas postagens, daí resolvi me dar um tempo para estudar a conjuntura da co-existência de um Gordo na nossa vida.

A primeira observação que fiz, é que quando enfocamos nossa meta, e buscamos agregar mudanças de comportamento para atingí-la, parece que tomamos posse de uma terceira personalidade. Desta feita, é um sentimento de dissociação física, que pode nos fazer olhar de fora e enxergar o nosso real estado.

Acredito que agora compreendo melhor as pessoas que não têm como custear alguns hábitos de consumo, tais como freqüentar bons restaurantes, ou talvez até de uma simples pizzaria.

Ah, me lembro quando fui convidado ao Royal Tower, no Rio Sul, e comí uma Picanha Marítima (Filé de Badejo Grelhado) com palmito assado. Deve ter custado os olhos da cara para os patrocinadores. O impressionante é que estas lembranças não são tão menos torturantes do que olhar para uma mesa numa simples pizzaria do subúrbio, e ver a manipulação da massa, quente, aromática, palatosa (neologismo para deliciosa). Me senti como um menino pobre, que não podia ter acesso a tal alimento na hora da fome. E somado a fome, o desejo do prazer. Nossos olhos parecem desafiar a física e brincam com a lânguida mussarela, beliscam as folhas de manjericão e nossos cílios se umedecem no azeite do tomate seco. Não dá vontade nem de piscar.

Nada melhor do que ser um crítico. Assim podemos ficar de fora e contemplar aquele ser ridículo, deixando passar seu ônibus, por mais um pedaço de olhadinha. E foi assim que aconteceu, porque a terceira pessoa, o observador, estava lá.

Eu sei que não dá para conviver com dois, muito menos com três personalidades. E esse observador dos hábitos não-alheios deve sumir da minha mente, pois quanto mais distante contemplarmos o sofrimento de um ser, menos motivos teremos para ter dó. Pois com dó, eu não poderia dizer as palavras: Morra Gordo, Morra!

sábado, 22 de agosto de 2009

Sucesso Parte 1

Não me importo com as manifestações desesperadas do Gordo, mas não posso subestimá-lo. Até porque, tem muita gente tentando me provar, me seduzir e às vezes, inocentemente me influenciar a passar dos meus limites estabelecidos.

Não sei de onde está vindo está força para resistir, mas uma coisa é certa: admitir a existência do gordo e prever o seu comportamento tem sido fundamental.

Eu já me vi dizendo "não", só porque estava bem nítido que o desejo não era meu, era dele. E eu tomei a decisão.

Quero aqui celebrar o fato de que, desde que comecei este blog, emagreci 4 quilos.

Por isso estabeleço minha contagem regressiva com a seguinte marca:

Início 142

Perdidos 4

Agora 138

Meta 1ª fase 128

Faltam 10

Agradeço pela torcida!

Abaixo a Discriminação!

Estou me sentindo sufocado. Aprisionado dentro do meu próprio templo do prazer. É de deixar o épico "o homem da máscara de ferro" para trás. Meu língua está sendo subutilizada com comidas amargas, insossas e cruas. Já não me lembro o que é sentir o prazer do sabor. A ênfase daquela gordurinha, gentilmente alinhada ao longo de uma picanha. A maciez reluzente da superfície de um quindim. A elasticidade perfumada da mussarela na separação de um pedaço de pizza. Estou ficando louco!

O artigo Art. 8º da Lei LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989, diz que é discriminação Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. E é isso que está acontecendo! Me sinto tolhido em ser como eu sou, e me sinto privado da minha felicidade.

Ah, a coisa não vai ser tão fácil assim! Eu vou boicotar os planos desse cara. Ele usa esta máquina para "Blogar". Vou desativar os dois antivírus dele, pra ver se entra um vírus aqui e trava logo essa droga, ou melhor, queime o HD.

Eu não sei, mas estou me sentindo tão fraco, tão, tão deprimido. Isso não se faz a um ser humano, ou parte dele.

Acho que vou convencê-lo a ir a um analista, e quem sabe, invés dele sugerir reprimir estas compulsões, ele sugira mais equilíbrio, mais ponderação. Isso! Uma alimentação mais nutritiva, mais equilibrada, menos radical. Isso já estaria bom, o resto, eu dou meu jeito!

Ele ta agora com essa idéia de comida RAW, comida viva, comida crua. Raw, que raw? Raw que os parta. Isso é muito ruim!

Pensei fazê-lo ele acordar sonanbulando no meio da noite (sonâmbulo não tem culpa) e atacar a geladeira. Mas que visão terrível!! Ele não comprou nada de gostoso este mês. A geladeira está branca por fora e por dentro.

Olha, esse cara vai ver! Ah, vai ver sim! E olha que praga de gordo pega!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Não acreditam mais em mim!

Será que existe um tipo de pessoa mais desacreditada em mudar suas perspectivas do que o Gordo? Acho que não! Todo mundo já está cansado de histórias de superação momentânea, surtos de determinação volátil, promessas de segunda-feira. Eu posso entender bem isso, quando já pude experimentar mais de 100 dietas diferentes, já fiz tratamentos e acompanhamentos nutricionais e continuo obeso, depois de décadas de luta. Imagino que a minha credibilidade neste aspecto, está completamente afetada.

Foi assim que, quando cheguei ao escritório, falei da minha mais nova dieta. Podia-se sentir certo desprezo de todos pelo assunto, exceto pela questão do Blog. Parece que quando você faz algo que tenha repercussão pública e oficial, as pessoas tendem a considerar melhor as perspectivas.

Infelizmente sinto que haverá situações difíceis que terei que enfrentar. Uma delas é a manipulação do meu "alter ego gordo". Sou um assíduo consumidor de kitutes, preparados pela mãe de uma das minhas funcionárias, e ontem ela me perguntou se eu queria fazer a encomenda semanal de mini-pizzas, esfihas, cucas, bolos de banana, etc. Eu disse que estava analisando a minha dieta, e preferindo controlar meus pedidos, para evitar "guloseimas calóricas", e então escutei a seguinte ameaça: Ta bom, se você não quer, vou falar com o Gordo! Pasmem! Minha dupla personalidade nem se quer aflorou e já está sendo corrompida, e eu chantageado. Mais chocado ainda, depois de ter afirmado que estaria iniciando uma dieta de comida viva (Raw food) na segunda-feira, o que implicaria em buscar o máximo de alimentos crus para o meu cardápio diário, ao chegar em casa, minha esposa estava preparando "bife a milanesa". Estou desmoralizado mesmo! Nem ela acredita mais. Vai levar um bom tempo para as pessoas entenderem que agora é sério! (já falei isso 1000 vezes)

Gordo - Eu acredito!

Eu - Você não vale!

Gordo - Mais eu posso te ajudar.

Eu - Como tem me ajudado todos estes anos?

Gordo - É, talvez eu esteja desacreditado também, mas eu só existo se você existir.

Eu - Isso quer dizer que você não vai mais me incomodar com essa compulsão infernal?

Gordo - Não! Assim não tem graça! Eu só vou prometer que não vou comer carne vermelha, ta bom?

Eu - Se você cumprir suas promessas como eu cumpro as minhas, tamos ferrados!

Gordo - Não, Não, isso é fácil pra mim, o mais difícil é deixar as pizzas e os doces, mais aí, já é pedir demais!

Não acreditei nesses últimos minutos. Eu estava negociando com o meu Gordo interior alguma trégua. O que eu queria é ganhar de vez essa guerra, mas se já que existe algum esforço de negociação, por que não? Topei!

sábado, 15 de agosto de 2009

A Força da Mente

Assisti a um documentário do History Chanel, sobre o funcionamento da mente humana. Eles mostraram a importância da amígdala (Aquela que existe no cérebro e não a tonsila palatina) na manifestação autonoma do mêdo, do pânico e da compulsão. Muitas vezes as informações não chegam a ser processadas pelo córtex cerebral (principalmente o neo córtex) e a reação física é orquestrada pela amígdala, provocando, além de impulsos nervosos, a produção de neurotransmissores e hormônios que colocam o organismo em prontidão para atacar ou defender-se.
No treinamento da Forças Especiais da Marinha Americana existem 4 técnicas básicas para se desenvolver força e resistência mentais, disciplinado a atitude coerente, independente dos níveis de pressão, são elas:
1.Fixação de Metas
Quanto mais bem definidas são as metas, mais força existe na ação da vontade.
2.Visualização Mental
É um preparo antecipado, uma projeção do perigo, da ameaça, do desafio, do risco, antes que eles cheguem. Visualizar a superação de um problema, já é parte da vitória.
3.Conversa Interna
Podemos alimentar nossas dúvidas e anseios com palavras positivas ou não. Geralmente não reprimimos as centenas de palavras, que falamos em nossas mentes. Mas o exercício de se concentrar em expressões verbais positivas, diminui o espaço de conjecturas negativas. Observe, não é a magia da palavra na mente e sim um arejamento da mente por predominancia de boas palavras.
4.Controle da Excitação
Exercícios físicos constantes, com respiração lenta e profunda, nos capacitam a exercer uma reação mais controlada, quando chega a hora de enfrentar os desafios.
Baseado nessas premissas, decidi adotar este método para disciplinar a minha relação com o Gordo compulsivo que existe dentro de mim, e começarei por estabelecer algumas metas pessoais:
1. Estou definindo com autoridade, antecipadamente, o cardápio do meu almoço e jantar durante a semana. E estabelecendo os limites de risco dos fins de semana (festas, visitas, saídas com a família, viagens, etc)
2. Vou passar a identificar os principais momentos onde o Gordo aparece para influenciar a minha vontade, e estudar sua estratégia de persuasão. Quero prever perfeitamente qual será sua estratégia, em cada circunstância do meu dia.
3. Vou implementar todas as atividades que o silenciam. Se existir uma voz interna, essa será a minha.
4. Vou definir um prazo para emagrecer 10% do meu peso (31 de Dezembro de 2009) e decidir então se faço ou não a cirurgia bariátrica (Não se preocupem, não é uma eutanásia, o Gordo resiste a isto também).

Através destas metas pretendo combater este gordo pervertido, que já me fez comer, agora pela manhã, dois sanduiches de pão integral com passas e canela, recheados com mel, vindo do Espírito Santo, que a minha sogrinha gentilmente me presenteou para ajudar a combater a gripe, mas quem usa é ele. E mesmo assim, quando minha esposa acordou, esse gordo me fez ser cínico o suficiente para aceitar outro sanduiche, este agora de pão integral com ameixa preta, acompanhado de leite de soja com sabor de frutas (Altas Calorias "saudáveis", mas isto é outro assunto).

Já que está calmo por aqui, e ele me parece adormecido (deve estar assistindo a série "Chefe em Domicílio" na Discovery), gostaria de compartilhar algo que estou estudando como alternativa para uma alimentação mais sadia: A Raw Food (Aqui também chamada de Comida Viva). Achei um soft muito interessante, que oferece um entendimento melhor do assunto. O endereço para baixar é http://www.baixaja.com.br/downloads/Windows/Home-Hobby/Health-Nutrition/Raw-Food-Diet_47423_1.html . Sugiro também o site http://www.fitnessattitudes.com/raw.html, que apresenta muitos recursos sobre nutrição.
Quem sabe, algum dia, poderemos passar a nos alimentar somente desta comida saudável ?
- É, principalmente acompanhada de um bom churrasco de picanha!
Eu - Ei, não fui eu quem disse isso!
Gordo - É que eu já tinha visto esse episódio do tal "Chefe"!
Eu - Bem amigos acho melhor encerrar a postagem, pois depois de tudo o que eu falei, não quero desapontá-los agora. Então, até a próxima!
Gordo - Tchauzinho! Quer mais um sanduíche?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Em busca da perfeição

Aqui estou eu, em silêncio absoluto, para deixar minha mente viajar através variedade das cores dos molhos, da textura dos cremes, da crocância, dos contrastes entre o doce, o amargo, o ácido, e o salgado, e das harmonias entre os sabores e aromas que a natureza, tão fartamente nos oferece. Acho que a humanidade nunca se cansará de buscar a perfeição na maneira de preparar o alimento. Mas que alimento? A razão de ser do alimento, passa a ser secundária quando se trata do prazer do paladar e do olfato. Somos hedonistas natos, e não importa quão nutritivo algo é, a primeira pergunta sempre é: Será que é gostoso?
Se você já pôde assistir no GNT, um programa chamado "Em busca da perfeição" (Culinary Alchemist), produzido pela BBC, com o premiado chef inglês Heston Blumenthal, deve saber do que eu estou falando. Aquele programa é de ameaçar a gente de afogamento, de tanta água na boca que dá. (Veja uma mostra no link http://video.google.com/videoplay?docid=-3946041067151475342).
Mas se estou aqui para falar destas coisas, é porque alguém não se deu conta do que eu estou fazendo, e um pouco de privacidade sempre é bom. Mas vamos continuar...
Eu - Ei Gordo! O que você está fazendo aí?
Gordo - Tentando ser útil a humanidade.
Eu - O que..?. você... você esta escrevendo no meu blog?
Gordo - Nosso Blog Brother!
Eu - Nada disso! Eu só criei esse blog para ver se me livrava de você!
Gordo - O que é isso irmãozinho? Não é bem assim. São 51 anos de parceria, tá ligado. Você não conseguiria viver sem mim!
Eu - Ai, Ai! Você não vê que é isso que eu estou tentando provar?
Gordo - Mudando de assunto, ei brother, pra que que serve esse botão chamado "Publicar postagem"? Deixa eu ver!
Eu - Nãaaaaaao!!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Força da Atração

Ali estava eu, numa solitária tarde de quinta-feira, minha esposa tinha ido ao médico e depois à casa da nossa filha. Gripado e forçado a me ausentar ao trabalho por dois dias, quer dizer, na verdade, trabalhava em casa, pois desenvolvia as novas carteirinhas do plano de saúde onde trabalho. Mas como ninguém é de ferro, acabei sentindo aquela natural sensação fisiológica chamada "fome". Nada mais natural, já eram 3 horas da tarde, e foi o papagaio virtual do meu pc que apareceu para me lembrar disto. Pensei em algo rápido de fazer para comer, quando o gordo apareceu:
Gordo - Rápido pode ser sinônimo de lanche, e eu não estou com fome de lanche, eu quero almoçar.
Eu - Você pode estar certo, mas eu não estou disposto a ficar aqui na cozinha um tempão e sujar um monte de coisas, igual a outra vez.
Gordo - Qual é santinho, vai tira onda de bom marido agora, você nem lava a louça!
Eu - Porisso memo, acho melhor não sujar.
Gordo - Vamos combinar assim: comida rápida mais gostosa, vamos ver o que tem aí!
Eu - Miojo!
Gordo - Com aquele temperozinho de caldo de galinha básico, prefiro fazer jejum.
Eu - Então vamos fazer jejum!
Gordo - Tô brincando brother, calma, muita calma nessa hora, nós precisamos nos fortalecer para sair dessa gripe.
Eu - Então vai miojo mesmo!
Gordo - Olha ali, tem dois, um pra mim, outro pra você!
Eu - Me parece razoável, mas eu vou comer só metade do meu.
Gordo - Se sobrar um pouco, eu como. Mas vamos fazer um molho decente, eu vi atum por aí.
Eu - É pode ser, hum, vamos ver, vou esquentando a água e você faz o molho.
Gordo - É comigo mesmo brother! Vamos lá! Bem, aqui tem molho de tomate com ervas finas, uns 4 dentes de alho, azeite, atum, uma pitada de pimenta, sal, azeitona preta, beleza baby!
Eu - Deixa reduzir um pouco na frigideira, o macarrão tá quase bom, al dente!
Gordo - Viu, só gastamos três minutinhos! A gente se entende mesmo, vai ficar delicioso!
Eu - Esse é o problema, eu não queria ter vontade de comer tudo.
Gordo - Bota um pouco daquele molho inglês também.
Dai em diante, eu me ví sentado em frente a tv, assistindo uma reportagem sobre o império do Google (não posso falar isso irônicamente, pois eles têm, além deste serviço de blog, meu gmail, meu orkut, minha agenda..., minha vida...), e dois terços do macarrão já tinham ido, e aí eu reparei que parecia que eu não tinha comido nada, só provado, e estava delicioso. Então, tomado de um sentimento de autopiedade e achando que o gordo não merecia ficar com tudo, fui na cozinha e arrematei o resto do macarrão. Aproveitei para apanhar uma garrafa de água na geladeira, quando aconteceu:
Gordo - Ah, Marron Glacê, eu adoro marron glacê.
Eu - Mas eu comprei para a Regina (minha esposa)!
Gordo - Mas nós já comemos quase tudo!
Eu - Mas custa deixar esse pedaço para ela?
Gordo - Ela tá precisando fazer dieta brother, tem aquele negócio da diabetes, vai querer o mal dela, seu egoista. Você não é um bom marido.
Eu - Bem, mais, a intenção foi boa! Vou comprar alguma coisa diet para ela amanhã.
Gordo - Assim é que se fala! Deixa que eu levo o doce!
Ali estava eu, afundado na poltrona diante da People and arts, quando me deu aquele soninho. Liguei meu PCTV4me (um aplicativo de estações de rádio na Web) na Live Ireland Rádio, e fui deitar, ao som das bucólicas canções tradicionais irlandesas. Acordei as 19:30, com gosto de doce marron glacê na boca, e uma culpa amarga na mente.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma apresentação compulsória

Estou sendo chatageado pelo "Gordo", para que eu o apresente formalmente, e achei a negociação, de um sanduiche a menos no lanche desta noite, algo razoável. Aliás, quando ele me permite, sobra até algum tempo para ler umas matérias na web, talvez porque tenho observado que ele não gosta de comer na mesa do computador. Mas antes que...
O Gordo me interrompe: Vai ficar aí dando justificativas do porque você se envergonha de mim?
Eu: Absolutamente! Afinal somos a mesma pessoa...Eu acho...
Gordo:Eu, a mesma pessoa? É muita pretenção sua. Um cara de bom gosto como eu, conhecedor dos melhores pratos e paladares, apreciador de delicadas sobremesas, tais como o cuzcuz de tapioca ao leite de côco com ameixas doces em calda com cobertura de pistaches http://saborsaudade.blogspot.com/2009/03/imagine-melhor-sobremesa-do-mundo.html. Ah, meu amigo, você tá longe de ser parecido comigo.
Eu: E você acha isso uma vantagem? Banalizar os meus 140 kilos como estivessem na gravidade 0? Não, eu não quero ser nada parecido com você, alias vou até encerrar a postagem para você não incitar nossos leitores a uma epidemia de gula.
Gordo: Tá bom, mas não esqueça das favas de baunilha...

domingo, 9 de agosto de 2009

Como tudo começou

Depois de lutar contra inimigos surreais, de aromas enebriantes e sabores sedutores, descobrí afinal, que a guerra travada por anos contra os exércitos poderosos das mídias de produtos e serviços alimentícios, da complascência cúmplice dos hábitos familiares adquiridos, e da necessidade de uma fuga para o enfrentamento de questões profissionais e relacionais, tudo isso não era nada diante de um inimigo implacável que me sabotava, internamente, todas as estratégias de sucesso na batalha contra a balança: O Gordo que existe dentro de mim.
Quero aqui iniciar uma jornada estratégica de argumentação, observação e enfrentamento desta pessoa que, por mais que não o considere uma personalidade dissociativa, é um inimigo que precisa ser conhecido, enfrentado e vencido.
Junte-se a mim, e com bom humor, vamos ver quem vai levar a melhor: Eu ou o Gordo que existe dentro de mim.