Eu estava no fundo do auditório. Meu netinho fazia aquela festa com os folhetos do evento, demonstrando completo desconhecimento da importância de estar ali. Minha filha e genro iriam cantar com o Coral. Minha esposa me acompanhava. Para mim, era o coroamento de uma obra de arte, feita a várias mãos. No comando, o respeitado e reconhecido locutor Cid Moreira, que lançava o trabalho da Bíblia em áudio, a mais importante produção de Bíblia do mundo, com 140 horas de gravação, a maior trilha sonora já vista em uma única mídia, a representação de mais de 50 voluntários, que doaram suas vozes como personagens da história bíblica, efeitos especiais, a narração central de um dos maiores locutores do mundo (Cid Moreira), e tudo isto em apenas um pen drive de 8 gigas.
Eu participei, interpretando vários personagens, e pude aprender muito com a experiência. O Cid é um excelente professor, exigente, mas didático e com muito bom humor.
Alí estava eu, incógnito, naquele auditório com mais de 200 convidados, entre eles o presidente da Sociedade Bíblica Brasileira, o Coral Jovem do Rio, Rafaela Pinho, Sérgio Azevedo e muitas outras pessoas conhecidas e também amigos do Cid. A rede Novo Tempo cobriu o evento.
De repente o Cid falou que o próximo trecho da gravação, entre os 5 mostrados, seria um com a participação de Paulo Bergmann. Mas será que ele está aí? Perguntou. Lá de trás eu acenei, confirmando minha presença. Aí ele disse: Ah, ele está aí. É que ele precisa de um espaço "grande"... Finalmente eu tinha sido notado. E como! É difícil dizer se você deve rir ou chorar em momento deste. Mas eu ri. Até porque sei que o Cid tem um carinho muito grande por mim, e brincadeiras são comuns entre nós. Mas o Gordo se sentiu lisongeado em ser lembrado numa solenidade tão importante.
Esta circunstância me mostrou que o gordo leva vantagem em ser um tipo de "referência". Alguém especial, que as pessoas amam do jeito que ele é. Isto me preocupa, pois posso começar a achar que ser gordo tem suas vantagens. Ser referênciado, sem algum tipo de brincadeira, demonstra pouca proximidade e abertura para tal. E isto eu sei que não existe na minha relação com o Cid. Vibramos muito com o Projeto, brincamos muito, nos emocionamos várias vezes e oramos juntos também.
Como uma forma de concessão especial, me senti elogiado naquele auditório, só não posso é começar a gostar do esteriótipo do Gordo.
Afinal, ao começar o trabalho, imaginei que acharia ali uma oportunidade de aprender com a experiência de Cid Moreira, conhecendo-o melhor, e participando de um "fantástico" projeto. Mas o que realmente eu achei ali, além de tudo que eu esperava, foram dois bons amigos: Cidinho e Fatinha. A eles, todo o meu respeito, consideração e gratidão.