Eu e o Gordo
Uma Jornada em busca da predominância do Eu sobre as tendências genéticas, os maus hábitos, e a dependência doentia da comida.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
A Volta!
Imaginava que ele espernearia dentro de mim, resistindo ao fato, mas nada. Só silêncio.
Tive um recuperação excelente e durante o primeiro mês pude sentir o prazer de dominar todo o meu corpo. Reinei soberano, com a vontade reforçada pelos limites fisiológicos e hormonais impostos pela cirurgia. Passei batido por pizzas, churrascos, doces e pães. A minha libido gastronômica estava quase a 0, com níveis elevados de Leptina. O peso despencava, e até mês passado eu já tinha perdido 35 kilos, e descendo. No início de setembro, comecei a sentir uma certa sensação de cansaço, mas achei que era falta de vitamina. Passei a tomar duas cápsula por dia, mas mesmo assim sentia uma certa tristeza. O interessante é que opções de sair da dieta não me faltavam, mas nem a comida me consolava. Eu já estava meio desconfiados dos níveis de serotonina, e achei até que começava um quadro depressivo. Foi então que em um momento solitário no escritório, deixando a chance da hora do almoço passar, pois não estava com fome, que escutei:
Tá com saudade de mim?
E eu disse: Cruz credo é fantasma!
E ele disse: O que você quer? Ser Gordo cansa! Eu precisava de umas férias!
Eu me arrepiei da cabeça aos pés ao constatar que, como uma Fenix, o Gordo tinha retornado.
O pior é que o cretino ainda me fez uma proposta indecente:
Pode deixar meu amigo, o Gordo está aqui pra te ajudar! Vamos conversar sobre isto no almoço...
Mais que rápido, fechei o escritório mais cedo e fui para casa, troquei a roupa e fui andar. 8 km
Eu sei que ele está por aí. A minha personalidade desassociada, a minha caricatura esquizofrênica ainda está viva. Mas ele vai cortar um dobrado comigo. Tenho andado todos os dias. 7, 8, 9 km. E agora é tolerância 0.
PS: Estou mais perto do que ele pensa...Hum, que vontade de comer Churros....
sábado, 30 de janeiro de 2010
O Efeito Senior
Estou convencido que uma nova fase chegou na minha vida, e a prova disto é que pela primeira vez, um controle absolutamente autônomo, não me fez engordar mais do que 20% do que tinha emagrecido (apenas 2,5 kilos dos 16 perdidos). Todas as vezes que consegui um resultado relevante, voltei a ganhar tudo de novo, e até mais ainda. Atribuo isto a diferença no método de motivação, que estabeleceu mecanismos resistentes às mudanças do hábito.
domingo, 15 de novembro de 2009
Boa Noite
Eu participei, interpretando vários personagens, e pude aprender muito com a experiência. O Cid é um excelente professor, exigente, mas didático e com muito bom humor.
Alí estava eu, incógnito, naquele auditório com mais de 200 convidados, entre eles o presidente da Sociedade Bíblica Brasileira, o Coral Jovem do Rio, Rafaela Pinho, Sérgio Azevedo e muitas outras pessoas conhecidas e também amigos do Cid. A rede Novo Tempo cobriu o evento.
De repente o Cid falou que o próximo trecho da gravação, entre os 5 mostrados, seria um com a participação de Paulo Bergmann. Mas será que ele está aí? Perguntou. Lá de trás eu acenei, confirmando minha presença. Aí ele disse: Ah, ele está aí. É que ele precisa de um espaço "grande"... Finalmente eu tinha sido notado. E como! É difícil dizer se você deve rir ou chorar em momento deste. Mas eu ri. Até porque sei que o Cid tem um carinho muito grande por mim, e brincadeiras são comuns entre nós. Mas o Gordo se sentiu lisongeado em ser lembrado numa solenidade tão importante.
Esta circunstância me mostrou que o gordo leva vantagem em ser um tipo de "referência". Alguém especial, que as pessoas amam do jeito que ele é. Isto me preocupa, pois posso começar a achar que ser gordo tem suas vantagens. Ser referênciado, sem algum tipo de brincadeira, demonstra pouca proximidade e abertura para tal. E isto eu sei que não existe na minha relação com o Cid. Vibramos muito com o Projeto, brincamos muito, nos emocionamos várias vezes e oramos juntos também.
Como uma forma de concessão especial, me senti elogiado naquele auditório, só não posso é começar a gostar do esteriótipo do Gordo.
Afinal, ao começar o trabalho, imaginei que acharia ali uma oportunidade de aprender com a experiência de Cid Moreira, conhecendo-o melhor, e participando de um "fantástico" projeto. Mas o que realmente eu achei ali, além de tudo que eu esperava, foram dois bons amigos: Cidinho e Fatinha. A eles, todo o meu respeito, consideração e gratidão.
sábado, 17 de outubro de 2009
Sequestro Motivacional
De uma forma imperceptível, a ansiedade cresce, provocada por circunstâncias alheias à própria vontade. É como uma anestesia em doses homeopáticas, que vão sedando a motivação de continuar avançando nos propósitos definidos de perda de peso.
Por mais que exista uma definição concreta no conhecimento dos benefícios de avançar emagrecendo, e dos prejuízos em estabilizar ou retroceder no processo, a mente parece que fica boba e insensível aos apelos do propósito. Eu chamaria estes momentos de "sequestro motivacional", que é quando as preocupações com o momento, ou o futuro, impõe um desvio da atenção e prioridades para os fatos em questão. É aí que o Gordo se aproveita. Furtivamente, como se perdesse-mos o controle da própria sombra, ele se manifesta com liberdade para compensar a dor da ansiedade com comida. Ficamos amarrados, e assistimos a festa da intemperança, não com conivência, auto-piedade ou cumplicidade, mas com uma sensação de profunda impotência diante das circunstâncias. Já vi este filme inúmeras vezes, e não será a última vez que terei ansiedade por algum problema real ou imaginário.
Agora tudo é diferente, pois conhecer as estratégias do Gordo é o início da resolução dos problemas. Se a ansiedade me anestesia, e me faz focar nas soluções ou conseqüências dos problemas cotidianos, tirando minha prioridade da meta de emagrecer, ou não engordar, eu aumento a visibilidade do Gordo, como se expusesse a vergonha do seu egoísmo, imprudência e instabilidade. Posso fazer isto através do Blog, da conversa com amigos, médico, conjuge ou quaquer meio que dê visibilidade ao fato. Quanto mais claro ficar a exposição da fraqueza, mais constrangimento se impõe a manifestação do Gordo, afinal, a estratégia dele é não ser visto, e quanto mais exposto, mais evidente fica a sua culpa. E culpa é suave quando é privada. Somos muito orgulhosos para encarar a culpa pública. Portanto, não tenho mais medo de admitir fraquezas, mas faço disto uma ferramenta de auto-constrangimento, e isso é melhor do que ficar amarrado dentro de um cativeiro mental, enquanto o Gordo negocia o resgate em calorias.
domingo, 11 de outubro de 2009
Forca de Vontade (A falta do cedilha não é erro ortográfico)
Posso entender a necessidade de se identificar o esforço para provocar uma mudança com um título de "efeito metafórico". "Força de Vontade" exibe uma metáfora para a ação engendrada pelo desejo de mudar. Mas o que me faz refletir, é que não consigo conceber força que se possa fazer, sem desejar o suficiente. Para mim, a intensidade da vontade é totalmente proporcional a do desejo. Não há força psicológica sem motivos, portanto: mudança = vontade = desejo = motivos.
Se não houver uma sustentação da base da vontade, com motivos substanciais ou sensibilizadores, menor será o desejo, a vontade, e a mudança.
Tenho provocado a minha base emocional com conhecimentos, que ao contrário de demonstrarem força, estão demonstrando novas perspectivas de motivação.
Eu resumiria esta experiência ao exemplo de uma pessoa que, uma vez mudando para outra cultura, se vê obrigada a admitir mudanças para sustentar o relacionamento social e profissional. Ela precisa destruir conceitos e eliminar pré-conceitos, antes de conseguir promover mudanças de comportamento.
Enfim, em que você acredita, é o lhe move à ação. Alguns mudam, outros morrem. É uma escolha.
Fico com pena das pessoas que vivem de frustração em frustração, se lançando ao efeito metafórico da "força de vontade". Muito cedo descobrem que sua base de motivação é insustentável, e não desejam a mudança suficientemente como pensam querer. A não ser que deixem a hipocrisia de lado, terão que reconstruir a base da vontade com novas motivações, fortes o suficiente para a mudança que afirmam querer, ou aceitar que, o que querem mesmo, é que tudo fique como está.
sábado, 3 de outubro de 2009
É uma Droga!
Quando você experimenta uma forte emoção, que provoque sensações de prazer ou dor, ficam marcadas no seu subconsciente as lembranças deste momento, com todas as suas nuances. Sejam as lembranças de sensações entorpecedoras ou estimulantes, de imagens vistas com outros olhos, da sensibilidade sob a pele ou do sabor sobre a língua, dos aromas e odores excitantes, da harmonia do silêncio e dos sons, não importa, ficam marcadas como se fossem endereços digitais, que podem ser acessados, ou por vontade própria ou executados por um tipo de vírus neural.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Descontando em quem merece
Eu tinha tudo para descontar na comida, e não o fiz!Na verdade, eu sinto que assimilei, desde cedo, que a melhor opção para uma frustração é comer.Já bastava a tendência genética e o hábito adquirido, para me tornar um Gordo, mas, além disto, sucumbi à tentação de aliviar meus fracassos com a comida.Minha mente divagava sobre as expectativas da mudança do meu escritório, do Centro para Botafogo. Quantas coisas a considerar: A preparação do meu grupo (17 assessores de venda), a preparação da mudança, as novas condições a serem encontradas no novo escritório, as finalizações da infra-estrutura, as expectativas da direção e dos colegas do administrativo e atendimento ao cliente, a adaptação da equipe ao novo escritório, a condução da mudança dos equipamentos de escritório e materiais, a sensação de que estaríamos mais visíveis, mais cobráveis, mais vulneráveis a conflitos. Tudo isso me deixou ansioso e passei uma semana pensando em liberar geral. É o mecanismo da droga. A fissura vem quando vemos que estamos tendo que olhar no espelho e enxergar nossas deficiências e medos. E se tivesse que estabelecer um relato desta conversa interna, ela seria a seguinte:Eu - Só de parar para pensar no tanto de coisa que tenho que fazer esta semana, fico assustado!Gordo - Eu te ajudo, mas tem um preço.Eu - Por que tudo que você me oferece tem um preço?Gordo - Porque eu não me sinto motivado de barriga vazia.Eu - Mas eu posso conseguir me virar sozinho.Gordo - Não se eu ficar te lembrando como você é fraco.Eu - E quem disse que estou com medo de alguma coisa.Gordo - Eu não disse medo, eu disse fraco, mas veja como você já está na defensiva!Eu - Eu aprendi com o Dale Carnagie (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dale_Carnegie) , que às vezes temos que aceitar todas as conseqüências das nossas limitações, antes de começar a viver e superar os obstáculos.Gordo - Mas diz a verdade, um bom pedaço de pizza, quentinha, faz a gente esquecer os problemas.Eu - Tem gente que perde a fome quando tem problemas.Gordo - Mas você sabe que nós não somos assim. Na alegria, vamos comer! Na tristeza, vamos comer! (veja o http://luciana.misura.org/2005/04/19/funeral-a-americana/ ). Na angustia, vamos comer! Comer é o melhor remédio pra tudo!Eu - Era Gordo! Era! Agora eu tenho uma satisfação melhor - É ver você fazendo esse papel de esfomeado de terceiro mundo, enquanto eu sigo em frente. Já foi tempo em que eu te via como amigo, mas agora eu sei que estava dormindo com o inimigo.Gordo - Não tem problema não, eu vou repetir o tempo todo que você é um incapaz, um complexado, um desorganizado, um irresponsável, etc.Eu - Ha, ha, ha. Eu sei o que eu sou meu chapa. E mesmo que eu fosse tudo isso aí, e daí? Seria pior se eu fosse um "Gordo" incapaz, complexado, desorganizado e irresponsável.Gordo - Arrrg! Preciso urgente de uma bomba de chocolate! Socorro! Me tirem de dentro desse cara!!!!Terminei a semana ileso, sem ganhar um grama, ao contrário, perdi alguns. Estou lidando com as fontes que desencadeavam meu apetite irrefreado, não é fácil, mas quanto mais eu compreendo o "Gordo", mais eu compreendo como mudar.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Um Tapinha não Doi
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Foco Interior
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Magro Power
Quem está maluco? Eu ou Eu?
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Ser ou não Ser Gordo
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Águia Renovada
Ver os filhos, netos, bisnetos e agregados (genros, noras e amigos como eu) se movimentando num pulso contínuo de conversas amistosas e divertidas, é como captar a felicidade humana num instantâneo de risos, cochichos, abraços, gentilezas, elogios, revelações, surpresas e sentimentos que evocam a razão de ser de uma família.
O meu tema, escolhido para a cerimônia, foi a lenda de renovação das águias (http://www.slideshare.net/renatosiqueira/renovao-das-guias).
Tudo era alegria, e foi assim durante as 8 horas em que estive neste encontro social, que apesar de ser uma relação completamente distante dos meus vínculos sanguíneos, me envolvia num sentimento "dèjá vu" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Déjà_vu).
Parte da minha felicidade foi encontrar ali uma alimentação predominantemente "Raw", onde rabanete, cenoura, beterraba, cebola, entre outros, eram encontrados crus nas bandejas de salada. Salvo a salada de batata com bacalhau, o cru predominou. Eu podia sentir o Gordo agonizando dentro de mim, enquanto eu consumia minha refeição saudável e rejeitava, com classe, as sobremesas, que eram muitas. Nem o bolo ficou livre da minha renúncia, mas saí de lá com um gosto doce, do sabor de viver a fraternidade familiar, tão rara em nossos dias. Me senti "Renovado"
sábado, 5 de setembro de 2009
Direito de Resposta
(http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cabana). O livro realmente me surpreendeu. É uma das narrativas mais didáticas de como é o amor de Deus, na prática. Mas uma coisa eu observei - A descrição dos vários cafés da manhã e almoços é absolutamente detalhada, rica, e permite uma visualização mental de coisas que, a muito, estão me sendo negadas. Cheguei a procurar fotos do autor para comprovar minha tese, e lá estava o Willian, com as suas bochechas avermelhadas. Esse homem de bom gosto, talvez um gourmet, é um tanto "redondinho". Um Cara, que já vendeu mais de dois milhões de cópias do seu livro, tem que ser considerado uma pessoa inteligente, como eu por exemplo.
Se você, que está lendo esta postagem, me ajudar, poderemos transformar este blog em uma janela de virtudes gastronômicas, em uma experiência transcendental dos valores da cozinha internacional e da plenitude do prazer, em saborear aquilo que há de melhor, sem culpa, sem medo, e sem esse chato, que não consegue nem agradar a própria mulher, pois o gostosão aqui....as f fjuyu fiopi gkkksssssss fhf .............jddkiye.....
O Sucesso do Gordo
A Cina dos Gordos
Se quiser conhecer melhor a ação da leptina, leia http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732006000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Estética Coorporativa
Qual a escala de valores a ser considerada, quando o que se pretende é avaliar um futuro executivo, ou tentar diagnosticar o perfil de uma pessoa que acabamos de conhecer? Eu tenho minha própria concepção de valores quanto a isto, mas lamentavelmente não consigo ver bons exemplos de avaliadores hoje em dia. Em parte, creio eu, que eles fazem seu julgamento baseado em matrizes adquiridas na sua própria vivência do que seja bom ou ruim. Por outro lado, acho que um certo auto-julgamento de superioridade exista naquele que julga. O que faz dele “referência” para o que há de melhor.
Um dia, quando estava visitando a Golden Cross, escutei uma propensa parceira de negócios dizer:
- O Problema em ser gordo, no meio coorporativo, é que se você demonstra que não domina a compulsão alimentar, presume-se que também não domine outras más tendências.
Falava isto, porque eu não conseguia abotoar os botões do meu terno, muito mais pelo terno, do que pela barriga (desculpa de gordo, mas era verdade).
Tempos depois, em uma transação comercial, a tal analista da “estética comportamental corporativa”, me criou um problemão, quando afirmou ter depositado um valor na minha conta e não foi verdade, o que acabou sendo feito um dia depois.
Tenho me perguntado: na opinião dos grandes conselhos coorporativos, o que vale mais? Conseguir abotoar um terno ou falar a verdade? Bem, não tenho dúvida de que em breve, terei o grande prazer de, além do que já faço naturalmente, poderei abotoar o terno.
domingo, 30 de agosto de 2009
Gordo Reporter
Fui intimado pelo "Gordo" a responder a algumas perguntas para aplacar o seu ceticismo quanto ao meu método. Num surto de "Repórter por um Dia", ele me entrevistou de uma forma invasiva e abusada. Mas se quero provar minha tese, de que o reconhecimento da identidade co-existente, pode ser o início do controle absoluto da compulsão bio e psicológica, preciso ser muito sincero. Vamos lá:Gordo - Eu imagino que toda pessoa que começa a ter motivação para fazer o que você está fazendo, tem alguma pressão psicológica oculta, e desconfio que algum médico lhe disse que se você não emagrecer, vai morrer! É verdade?Eu - Não! Eu sempre tive médicos que me sugeriram o emagrecimento, mas nunca houve a identificação de algum problema crônico. A maioria dos médicos visava o meu bem estar, como a regulação da pressão arterial, o alívio nas dores lombares, a prevenção ao diabetes, etc. Meu exame sempre teve números equilibrados, como glicose, colesterol, triglicerídeos, etc.Gordo - Mas certamente você passou a usar algum remédio que está influenciando o seu apetite. Fale a verdade, você está usando anoréxicos?Eu - Não! Até já usei no passado. Durante um ano e meio, há quinze anos, fiz tratamento com anfepramona (uma anfetamina), mas não funciona. O efeito da abstinência faz você comer o dobre, e é inevitável o retorno ao peso anterior, e até ultrapassá-lo. Já uso antidepressivo há algum tempo, mas segundo o médico, sou um depressivo leve, e mesmo com o uso do antidepressivo, sempre comi exageradamente. Uso também um ansiolítico em momentos mais estressantes, mas o seu único efeito na compulsão é colocar o gordo em câmera lenta. A mesma quantidade de caloria ingerida mais calmamente, engorda a mesma coisa.Gordo - Você ta querendo ganhar dinheiro com esse negócio seu safado!Eu - Eu não posso vender o que eu não tenho! Quero emagrecer, mais sei que o mais difícil para mim será aprender a manter o peso depois disso. Não tenho nenhuma garantia, nem imagino que ferramentas vou usar para isso, mas com certeza elas não levam em consideração a liberdade de um alter ego gordo por assim. Por isso, dá o fora daqui e se convença que você é um inimigo vencido. Rala!
Boicote a informação
Sou um amante da tecnologia, mas às vezes me pergunto se ainda não vou morrer por causa dela.
Eu precisava fazer minha verificação semanal de peso, e logo que saí do ensaio do meu grupo vocal (O Charis), passei em uma farmácia e vi uma destas balanças eletrônicas, que te dão até um papelzinho comparando seu peso ao peso de uma pessoa "normal". Vasculhei o bolso, e como um sinal, pela primeira vez a presença da balança e uma moeda de R$ 0,50 coincidiram. Coloquei-me na posição e enfiei a moeda na abertura própria, começando assim a pesagem. De repente a máquina falou - Pise no centro da balança - E eu assim fiz - Agora não se mexa! - E eu obedeci - Agora não se mexa! - É isso que eu estava fazendo - Agora não se mexa! - Ora bolas, o que você quer? - Foi aí que uma balconista, simpática por sinal, falou como se estivesse ensinando a uma velinha a sacar num caixa eletrônico - Prenda a respiração! - E eu então prendi - Agora não se mexa! - Disse a máquina de novo - Agora não se mexa! - Eu estava uma verdadeira estátua, e quase sem ar - agora não se mexa! - Eu vou morrer! - E a fita saiu! - Nem olhei para a cara da balconista, mas tinha certeza que mais alguns minutos e ela chamaria o SAMU. Isto tudo por causa da célula fotoelétrica defeituosa que mede a altura do sujeito.
Às vezes acho que quem inventou estes programas, os fez com certo toque de sadismo, e não me surpreenderia que em algum lugar escondido, alguém estivesse morrendo de rir com aquele gordo de cara roxa, torcendo para sair uma porcaria de uma fita e papel.
Ah! O valor da informação. Quando li o resultado, esqueci da balança, da balconista, do mico e do sádico desgraçado oculto. Tinha emagrecido mais dois kilos. E se não fosse a tecnologia, não veria que ainda faltam 46 kilos pela frente, até o meu peso ideal. Mesmo assim estou dentro da meta de perder 14 kilos até dezembro. Já perdi 6, faltam 8. Se conseguir a meta antes, passo para próxima. Aqui vai o resumo:
Peso inicial 142 kg
Peso perdido 6 Kg
Hoje 136 Kg
Meta 1ª fase 128
Falta perder 8 Kg para a 1ª fase
Meta final 90 Kg até julho de 2010, se eu não morrer asfixiado algum dia destes.
sábado, 29 de agosto de 2009
Uma visão macro do Problema
Tenho sido bem específico em minhas postagens, daí resolvi me dar um tempo para estudar a conjuntura da co-existência de um Gordo na nossa vida.
A primeira observação que fiz, é que quando enfocamos nossa meta, e buscamos agregar mudanças de comportamento para atingí-la, parece que tomamos posse de uma terceira personalidade. Desta feita, é um sentimento de dissociação física, que pode nos fazer olhar de fora e enxergar o nosso real estado.
Acredito que agora compreendo melhor as pessoas que não têm como custear alguns hábitos de consumo, tais como freqüentar bons restaurantes, ou talvez até de uma simples pizzaria.
Ah, me lembro quando fui convidado ao Royal Tower, no Rio Sul, e comí uma Picanha Marítima (Filé de Badejo Grelhado) com palmito assado. Deve ter custado os olhos da cara para os patrocinadores. O impressionante é que estas lembranças não são tão menos torturantes do que olhar para uma mesa numa simples pizzaria do subúrbio, e ver a manipulação da massa, quente, aromática, palatosa (neologismo para deliciosa). Me senti como um menino pobre, que não podia ter acesso a tal alimento na hora da fome. E somado a fome, o desejo do prazer. Nossos olhos parecem desafiar a física e brincam com a lânguida mussarela, beliscam as folhas de manjericão e nossos cílios se umedecem no azeite do tomate seco. Não dá vontade nem de piscar.
Nada melhor do que ser um crítico. Assim podemos ficar de fora e contemplar aquele ser ridículo, deixando passar seu ônibus, por mais um pedaço de olhadinha. E foi assim que aconteceu, porque a terceira pessoa, o observador, estava lá.
Eu sei que não dá para conviver com dois, muito menos com três personalidades. E esse observador dos hábitos não-alheios deve sumir da minha mente, pois quanto mais distante contemplarmos o sofrimento de um ser, menos motivos teremos para ter dó. Pois com dó, eu não poderia dizer as palavras: Morra Gordo, Morra!